Pega-pega
Um atrás do outro, cinco guris descem correndo rua Monte Alegre abaixo, uma das mais tranquilas que tem aqui no bairro onde moro, em Carapicuíba. Estava lendo um conto de "o menino da rosa”, um dos livros do escritor Tony Monti, sentado em uma cadeira de praia instalada na sacada de casa, após um calorento dia de fechamento do jornal. Ao levantar os olhos, vi a cena. Era quase dez da noite e pensei comigo o Jorginho deveria estar lá, brincando com eles; um dos piás (não pude vê-los bem daquela distância) pela voz aguda deveria ser o Paulo, um doce de moleque que sumiu daqui de casa depois que a Rosa cobrou dele o caderno para saber se estaria fazendo os deveres domésticos direitinho. (Esta Rosa não é a rosa, a mãe do Tony, que ele grafa assim mesmo, em caixa baixa; é a minha esposa). Jorge Henrique assistia tevê na sala. Perguntei se não queria sair comigo para a rua onde estava o quinteto irreverente, ele disse não, estava “de boa”. Fiquei pensando em conselhos dos experts em educação e de outras áreas correlatas que alertam pais para que não deixem os filhos muito tempo expostos à telinha, que é melhor para o crescimento da petizada brincadeiras ao ar livre, sobretudo se envolvem correria, atividade física na linguagem de hoje, aquelas teorias todas lá da PUC. Soprava uma aragem bem gostosa, insisti filhote vamos lá curtir um pouco a noite, tem um vento bom, eu fico lendo, sentado debaixo da luminária do poste, você entra na brincadeira com os amigos do Paulo. Ele, resoluto, não quero ir, não, valeu ai, pai. A carinha dele assistindo ao programa parecia a de quem tentava não ser capturado no pega-pega. Na mesma hora sentei-me ao lado dele e avisei aos seis: corram,eu agora serei o pegador...
Um atrás do outro, cinco guris descem correndo rua Monte Alegre abaixo, uma das mais tranquilas que tem aqui no bairro onde moro, em Carapicuíba. Estava lendo um conto de "o menino da rosa”, um dos livros do escritor Tony Monti, sentado em uma cadeira de praia instalada na sacada de casa, após um calorento dia de fechamento do jornal. Ao levantar os olhos, vi a cena. Era quase dez da noite e pensei comigo o Jorginho deveria estar lá, brincando com eles; um dos piás (não pude vê-los bem daquela distância) pela voz aguda deveria ser o Paulo, um doce de moleque que sumiu daqui de casa depois que a Rosa cobrou dele o caderno para saber se estaria fazendo os deveres domésticos direitinho. (Esta Rosa não é a rosa, a mãe do Tony, que ele grafa assim mesmo, em caixa baixa; é a minha esposa). Jorge Henrique assistia tevê na sala. Perguntei se não queria sair comigo para a rua onde estava o quinteto irreverente, ele disse não, estava “de boa”. Fiquei pensando em conselhos dos experts em educação e de outras áreas correlatas que alertam pais para que não deixem os filhos muito tempo expostos à telinha, que é melhor para o crescimento da petizada brincadeiras ao ar livre, sobretudo se envolvem correria, atividade física na linguagem de hoje, aquelas teorias todas lá da PUC. Soprava uma aragem bem gostosa, insisti filhote vamos lá curtir um pouco a noite, tem um vento bom, eu fico lendo, sentado debaixo da luminária do poste, você entra na brincadeira com os amigos do Paulo. Ele, resoluto, não quero ir, não, valeu ai, pai. A carinha dele assistindo ao programa parecia a de quem tentava não ser capturado no pega-pega. Na mesma hora sentei-me ao lado dele e avisei aos seis: corram,eu agora serei o pegador...