segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Barulho de água (Leis da espiritualidade)

Leis da espiritualidade

* A primeira diz: *"A pessoa que vem é a pessoa certa".* Ninguém entra em nossas vidas por acaso. Todas as pessoas ao nosso redor, interagindo com a gente, tem algo para nos fazer aprender e avançar em cada situação. A segunda lei diz: *"Aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido". * Nada, absolutamente nada do que acontece em nossas vidas poderia ter sido de outra forma. Mesmo o menor detalhe. Não há nenhum... "se eu tivesse feito tal coisa..." ou "aconteceu que um outro ...". Não. O que aconteceu foi tudo o que poderia ter acontecido, e foi para aprendermos a lição e seguirmos em frente. A terceira diz: *"Toda vez que você iniciar é o momento certo".* Tudo começa na hora certa, nem antes nem depois. Quando estamos prontos para iniciar algo novo em nossas vidas, é que as coisas acontecem. E a quarta e última afirma: *"Quando algo termina, ele termina".* Simplesmente assim. Se algo acabou em nossas vidas é para a nossa evolução. Por isso, é melhor sair, ir em frente e se enriquecer com a experiência. Não é por acaso que estamos lendo este texto agora. Se ele vem à nossa vida hoje, é porque estamos preparados para entender que nenhum floco de neve cai no lugar errado

domingo, 20 de novembro de 2011

Barulho d'água (Gesus ou Jenésio)


Gesus ou Jenésio?
(Nova versão)

Dia desses,na feira-livre lá do bairro, à medida em que pendurava no varal sobre as pilhas
de hortifrutigranjeiros o cartaz com os preços daquele dia, um dos funcionários
da barraca apregoava o nome de cada espécie enfatizando sempre as letras que
poderiam gerar dúvidas e outras características do vegetal, como por exemplo,
“jiló, com jóta, direto de Jundiaí!”, conforme exclamou. O item seguinte foi
chuchu, “com dois ceagás, e que pode ser preparado em frigideira, sem chiadeira!”,
e, assim sucessivamente, passando pela vagem, “com gê, de gato!”; pela cenoura,
“com cê de coelho, que é quem mais gosta dela!”; e pelo quiabo, “com quê e quase
sem baba!”. Fiquei prestando atenção no jeito bem-humorado do feirante, achando
um barato como ele recorria à criatividade para mencionar, corretamente, o nome
de cada tipo de alimento à venda cuja grafia pudesse – e costuma -- gerar algum
tipo de confusão devido às semelhanças entre sons de letras diferentes. Percebi
que depois do quiabo seria apresentada outra delícia do dia-a-dia que, também,
faz as pessoas trocarem Gesus por Jenésio. Fiquei esperando para conferir como
ele iria se pronunciar; se, por acaso, também não tropeçaria, como pode ocorrer
com quem não tem tanta intimidade com a língua portuguesa, embora não parecesse,
mesmo, ser o caso dele. “Barriga preta, que lá em casa, para emagrecer, vira
até chá, com ceagá!" tascou, olhando-me. “Ah, não vale, como assim?”
protestei no ato, zombeteiro: “Não tente me convencer que, desta vez, você não
saberia se é com gê ou com jóta que se pronuncia o nome desta delícia!” O
camarada não perdeu a pose. Demonstrando que sabia, sim, senhor, e que estava
só (me) sacaneando, emendou, sem deixar o abacaxi por descacar: “Arrê, sei sim,
freguês, qual letra aparece no meio do
verdadeiro nome da ‘barriga preta’ aqui, que, por sinal, fica uma delícia
servida à milanesa! Mas milanesa com ésse, de suflê, e não zê, de zoeira, como
estou fazendo, mas que muita dona de casa que passa por aqui pensa que é!” . “Está
certo, nesta você me pegou, parabéns, colega, fazer feira assim é bem mais
divertido!”, comentei, já saindo com a
sacola cheia de jilós, de chuchus, de vagens, de cenouras, de quiabos, e, claro...
de barrigas pretas! “Sempre às ordens, patrão, e precisando de algo é só me
procurar: sou o Genésio!”, completou, estendendo-me a mão direita. “Mas como
meu nome sempre dá muita confusão, pode me tratar pelo sobrenome mesmo, grava
ai, este não tem como ninguém errar: é Jesus!”

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Barulho d'água (Trégua)

Trégua
Em um dos tubos que sustentam o alambrado, gorjeia o pequeno pássaro. Penso que ele estaria chamando a família para todos se deliciarem com a água fresca e adocicada por néctar com a qual acabara de abastecer a garrafinha deles. Mas, não. A tarde está escoando em tons avermelhados, e o sol preparando-se para acordar os japoneses, perfeitamente redondo e enorme, lá, no morro, onde daqui a pouco terá completamente desaparecido. A ave, de frente para a imensa laranja, canta, na verdade, em reverência ao poente. E com tanto entusiasmo que até os gatos, que a esta hora gostam de toscanejar na varanda até que a noite assuma, parecem se esquecer, ou pelo menos fingem, que são felinos e implacáveis caçadores sempre famintos...

Marcelino Lima, 8 de novembro, 19h23

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Barulho d'água (Atrevimento)


Atrevimento


Sei que é chover no molhado,
Dizer o que todo dia você ouve,
Talvez com até mais picardia,

Ou de forma mais profunda,

Mas vou me atrever de novo
E observar aqui, quase ingênuo,

Ou se preferir, gentil,

como se fosse sem segundas intenções,
como se fosse inédito, amiga:
Você é tão bela, todos os dias,
E em alguns dias fica ainda tão mais bela,
Que três míseros segundos ao teu lado
Já bastam para nos prender e confundir os sentidos,
Despertam todos os desejos
Entre os quais o de jamais ir embora,
De ficar eternamente ao teu lado --
Se possível, numa ilha deserta!
Trato aqui de uma beleza que não é só a corpórea,
Esta tua, feminina,

Que é apenas o teu complemento:
Refiro-me ao que flui do teu íntimo,
Gratuitamente transborda e molha,
Chega-nos pelo teu olhar, pelo teu sorriso,
Pelo brilho da tua pele, pelo teu abraço;
Ah, mesmo que breve, ou curto, eu curto;
E que, sim, não poderia ser diferente,
Jamais poderia nos pegar a não ser pelo coração...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Barulho d'água (Abraços...)

Abraços...

Soubesse eu que de todos os abraços,
( e foram tantos), aquele seria o último,
não do mês, nem do dia, mas da vida.
... Soubesse eu, o que faria?

Se eu pudesse prever que o beijo alegre,
nunca mais se repetiria.
Boca sorriso quente em face quente.
Boca amargura fria em face fria.

Ah! quem me dera saber,
que durante o rápido abraço,
a alma veloz, escorregadia,
na surdina desfazia o laço.

Mais forte o abraçaria,
E de todas as maneiras,
eu tentaria prender na minha,
a sua louca alma fugidia.

Para que ela não levasse
o brilho do teu olhar
nem tornasse opaco também o meu,
velho e seco de tanto chorar.

Quisera fazer deste derradeiro abraço,
mil horas, mil laços e atar teu espírito ao meu.
Mas o inverso sucedeu, seu corpo à terra desceu;
e no vento gelado, que o mundo se tornou,
sua alma livre voou, e junto... a minha levou.

Roselene Navarro Oliveira, Leninha, irmã do meu ilustre e querido amigo, saudoso mestre para o exercício do Jornalismo e da vida, Jesse Navarro.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Barulho d'água (Quando Rosa faz pães)



Quando Rosa faz pães


Quando Rosa faz pães, toda a casa fica em festa,
mergulhada num ambiente que libera no ar
a expectativa de momentos inesquecíveis.
Sussurrando, já de avental à cintura,
informa-me assim que chego ao portão:
-- Hoje temos encomenda da padaria, tesouro!
Junto ao tablado da cozinha,
fico a espiar o vai-e-vem das ancas dela,
enquanto, meticulosa, ela mistura os ingredientes numa grande bacia,
e a massa, espichada, vai tomando as mais variadas formas.
Depois, olhares em silêncio, untamos as formas,
sem ligar para o excesso de manteiga que possa restar
aderido ao vão dos dedos --
afinal, ao final do trabalho, serão carinhosamente lambidos.
Por fim, com o forno já devidamente aquecido,
livrando-se do avental, anuncia:
comeremos, juntinhos, o primeiro que assar.
Na manhã seguinte, olhando a vitrine da padaria,
por alguns minutos namoro cada um dos pães,
fico me lembrando de tudo o que rolou enquanto assavam.
-- Este é dos bons, bendita é a mão que o prepara,
chega um freguês e diz, com indisfarçável gula.
Realizado com os elogios, saio fazendo figa,
torcendo para aquela fornada logo acabar,
rezando para que, ao final do dia,
ela novamente anuncie junto ao portão:
-- Amor, temos outra encomenda!

*Poema vencedor do 2º Festival de Poesia de Osasco promovido pelo grupo Rabo de Kalango

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Barulho d'água (Quando eu descobrir onde você mora)

Quando eu descobrir onde você mora

Quando eu já tiver descoberto teu endereço,
Mais do que me debruçar à tua janela
E te oferecer serenatas,
Sem avisá-la, vou chegar a tua casa e cuidar de teu jardim.
Caso você não tenha um, plantarei as flores que você mais gosta.
Vou também alimentar teus animais.
Caso você não os tenha,
Deixarei em tua varanda um tigre branco,
Soltarei borboletas e pássaros no quintal,
E encontrarás uma garça à beira do lago.
Caso você não tenha uma varanda, construirei,
e deixarei nela, já esticada, uma rede para teu descanso.
O lago também eu farei,
E o povoarei com carpas douradas.
Quando eu tiver descoberto onde fica tua casa,
Vou lubrificar a corrente, ajustar os freios e as marchas,
Para tua bicicleta ficar como nova.
Caso você não a tenha, deixarei uma junto ao muro
Com uma dica de roteiro para um passeio ao pôr-do-sol,
Ou em uma manhã de domingo em plena primavera.
Quando souber onde você mora,
Vou consertar goteiras que existirem em teu telhado,
E limparei a lareira, e se não houver lenha para queimar,
Vou buscar uma braçada da mais cheirosa nos arredores.
Trocarei as palhetas carcomidas das folhas da tua janela,
E também baterei teus tapetes para eles ficarem livres do pó.
Se houver livros fora da estante,

Irei recolocá-los nas prateleiras,
E se você não tiver uma,
Vou fingir que esqueci em tua mesa de centro
Alguns exemplares de poesias e de romances.
Prometo fazer tudo sem agir como um intruso,
Preservando a alma de teus cômodos e objetos.
Assim, vou arrumar apenas quadros que estiverem tortos,
E, em relação aos teus discos,
Vou ouvir apenas um: aquele que me sugerir
Tira-lá para dançar, ainda que eu gire sozinho
de um canto para outro da sala.
A menos que me surpreenda e me convide,
Não entrarei em teu quarto, mesmo se a porta estiver aberta...
Quando descobrir onde você mora, enfim,
Vou procurar os teus vizinhos mais imediatos
e propor para eles um lance que, espero, será irrecusável...






por Marcelino Lima, quarta, 27 de julho de 2011 às 14:26

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Barulho d'água (Serenata)

Serenata



Curioso como passei a sentir saudades depois que te conheci. Cinco minutos depois de um de nós sair, já começo a notar a falta que você me faz. Desconfio até que já tenha chorado por conta desta ausência, e, em algumas madrugadas, tive os olhos náufragos, à deriva pelo teto. Não vai demorar muito: nesta toada, voltarei a escrever poesias e elas, embora em outro formato, confirmarão o que escreveu Fernando Pessoa sobre como são ridículas as cartas de amor. Falei em amor, mas, que nada, isto é um exagero, sim, um ridículo exagero! Estou apenas febril e amanhã, com certeza, já terei recuperado o juízo. Então, mais sereno, com a cabeça no lugar, vou descobrir onde você mora, vou me plantar em tua janela e empunhando um violão, cantarei: “Oh linda imagem de mulher que me seduz...”

terça-feira, 31 de maio de 2011

Barulho d'água (Todo bem que houver nesta vida/Momento certo)


Todo bem que houver nesta vida/Momento certo



"Faça todo o bem que você puder, com todos os recursos que você puder, por todos os meios que você puder, em todos os lugares que você puder, em todos os tempos que você puder, para todas as pessoas que você puder, sempre e quando você puder."( John Wesley )


‎"Sua jornada moldou você para seu bem maior, e foi exatamente o que precisava ser. Não pense que você perdeu tempo. Não existem atalhos para a vida. Foi necessária cada e toda situação que você encontrou para trazê-lo para o agora. E agora é o momento certo."


Textos enviados por Samara Lima

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Barulho d'água (Há momentos)

Há momentos


Clarice Lispector


Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem

em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.


A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre
.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Barulho d'água (Tudo passa...)





Hoje, 13 de maio, é aniversário de uma pessoa muito querida, por mim, e, com certeza, pelos muitos amigos que ela tem. Costumo dizer, por ela ter o mesmo sobrenome que o meu, Lima, que a Samara, que aparece na foto acima, é minha irmã - e eu que já tenho quatro de sangue maravilhosas! --, mas, na verdade, é muito mais. Bom, por ser aniversário dela, fui levar um abraço e um presente. Atenciosa, como sempre, esqueceu-se que a data era para que falássemos dela, mas a maior parte do tempo quis mesmo é saber como eu estava e, face a um problema, doloroso, que tenho atravessado e me deixado com o interior conturbado, agitado por sérios conflitos, buscou me confortar e estimular a não esmorecer, a continuar crendo no meu dom de amar (minha fortaleza, tanto quanto meu calcanhar de aquiles!) e a seguir buscando refúgio na espiritualidade que nos conecta ao Altíssimo. Depois que nos despedimos, ela me enviou o texto abaixo, e que, agora, compartilho com todos! Feliz aniversário, maninha!




Tudo passa...



Todas as coisas na Terra passam.
Os dias de dificuldade passarão...
Passarão, também, os dias de amargura e solidão.
As dores e as lágrimas passarão.
As frustrações que nos fazem chorar... Um dia passarão.
A saudade do ser querido que está longe, passará.
Os dias de tristeza...
Dias de felicidade...
São lições necessárias que, na Terra, passam, deixando no espírito imortal
as experiências acumuladas.
Se, hoje, para nós, é um desses dias,
repleto de amargura, paremos um instante.
Elevemos o pensamento ao Alto
e busquemos a voz suave da Mãe amorosa,
a nos dizer carinhosamente: 'isto também passará'
E guardemos a certeza pelas próprias dificuldades já superadas que não há mal que dure para sempre,
semelhante a enorme embarcação que, às vezes, parece que vai soçobrar diante das turbulências de gigantescas ondas.
Mas isso também passará porque Jesus está no leme dessa Nau
e segue com o olhar sereno de quem guarda a certeza de que a
agitação faz parte do roteiro evolutivo da Humanidade
e que um dia também passará.
Ele sabe que a Terra chegará a porto seguro
porque essa é a sua destinação.
Assim, façamos a nossa parte o melhor que pudermos,
sem esmorecimento e confiemos em Deus,
aproveitando cada segundo, cada minuto que, por certo, também passará.
Tudo passa...exceto Deus!
Deus é o suficiente!
Chico pegou carona na Epístola de Paulo aos Coríntios: 'Tudo passa'. E escreveu uma das páginas mais sábias da literatura humana.
Um texto que se aproveita a todas as religiões, a merecer reflexão profunda em face dos dias difícieis por que atravessa a Humanidade.
Uma página de amor e esperança para os aflitos.

Chico Xavier


P.S.:

É só o amor/ é só o amor/ que conhece o que é verdade

O amor é bom/não quer o mal/não sente inveja/nem se envaidece

Ainda que eu falasse a língua dos anjos/

que eu falasse a língua dos homens/

sem amor eu nada seria...




"Tudo posso Naquele que me fortalece"

terça-feira, 8 de março de 2011

Barulho d'água (Mulheres)

Mulheres (Pablo Neruda)

Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.
Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversario ou um novo casamento.

Pablo Neruda

Homenagem às mulheres em 8 de março, Dia Internacional da Mulher


Barulho d'água (Fumaça e a lua)


Fumaça e a lua

À janela, pôs se estridentemente a miar para a lua. E olha que o satélite nosso de cada dia sequer estava na fase cheia, antes: minguava, talvez por isso o melancólico protesto do bichano. E pensar que até o gato subir naquele parapeito confabular com a lua fosse apenas digno de lobos e de cães! Ou de poetas, de seresteiros, de bêbados, de boêmios, de chapados e, lógico de crianças, estas sempre puras, achando que ela não abre nem sob tortura os segredinhos que ouve, e não os conta para ninguém... a não ser para todos os corpos celestes que povoam até a mais nebulosa das galáxias! Mas como eles não pronunciam palavra, e ninguém entende porque tanto eles brilham, tudo acaba diluído no Cosmos... Ah, sim, e como se esquecer dos velhotes? Eles também tricotam com a lua, sobretudo, os solitários. Uns até gostam de pedir a ela que cante alguma canção, se possível, na voz de Bing Crosby, e ela, gentil, atende entoando I still love to kiss you goodnight/The thrill of you holding me tight... 

Se alguém duvidar que tais colóquios ocorrem, faça lá uma visitinha à casa do Altamiro, ora, pois, pois. Como sugestão, ofereça antes uma garrafa de bom vinho do Porto, bolinhos de bacalhau e, se possível, leve notícias satisfatórias do Vitória de Setúbal. Alegremente, ele dividirá o destilado com a moça, como o fazia Li Po, ainda que  passe a desconfiar após o terceiro cálice que ela seja fã do outroVitória, o de Guimarães. Hum, também será bom providenciar para o Fumaça uma sardinha, ou filé de pescada, do contrário, só o cão vai querer prosear com a amiga de todas as noites.

Barulho d'água (Suor no rosto)

Suor do rosto

Ricardo Noblat é diretor de redação do Correio Braziliense. Ao proferir palestra na PUC de Belô, falou sobre os desafios do jornalismo. De passagem, fez reflexão sobre o ato de escrever. “Escrever”, disse, “é um suplício para quem gosta e leva a sério o ofício. Não acreditem em quem diz o contrário. Paris pode ser uma festa. Escrever não é uma festa. Não é sequer um ato prazeroso. Dá prazer ler um texto bem escrito. Faze-lo não dá prazer. Dá trabalho”.

Texto extraído da coluna Dicas de Português do suplemento Cultura de O Estado de Minas, de 8 de abril de 2.001. A coluna é assinada por Dad Squarisi

sexta-feira, 4 de março de 2011


"Cantor bananeiro" lança primeiro CD no estilo "arrochanejo"

* Matéria, na íntegra, publicada na edição 970 do jornal Página Zero, em 4 de março, em Osasco


Wenilson Morais

Ivan Filho, pernambucano de Garanhuns, lançou seu primeiro álbum intitulado “É Show” volume 1, gravado ao vivo, cujo repertório conta com 8 músicas de sua autoria e outras 7 já consagradas por outros artistas tais como Leonardo (“Água de Coco”); Zezé di Camargo e Luciano (“Mexe Mexe”); Bruno e Marrone (“Não Tente Me impedir”) entre outros, em um gênero denominado ‘arrochanejo”. Segundo ele, trata-se de uma mistura entre o forró, que de acordo com o ritmo e maneira de dançar é popularmente conhecido por ‘arrocho’; e o sertanejo, ritmo muito apreciado no Brasil.
Ivan é casado, pai de três filhos e mora em Osasco há 18 anos. Desde então, tem atuado como vendedor de banana, daí seu apelido artístico de “cantor bananeiro”, e também vende mandioca, em frente a um supermercado no bairro do Jardim Santo Antônio, zona Sul de Osasco. O artista explica que desde menino gostava de cantar, e que essa paixão, ao ser externada em seu local de trabalho - sua banca - acabou por chamar a atenção da freguesia, que a partir disso começou a cobrar-lhe algo mais concreto. “A ideia de cantar começou aqui no meu trabalho; eu cantava todos os dias e as pessoas começaram a incentivar e pedir que eu levasse isso à frente, e isso foi o que fez com que eu tentasse e, graças a Deus, conseguisse gravar meu primeiro CD”, contou o cantor.
O CD é vendido em sua banca pelo valor de R$ 8,00. “Aqui, como eu conheço todo mundo, eu vendo até fiado; o importante é divulgar minha música”, brincou o cantor que vendia sua mercadoria e seu CD enquanto cedia entrevista.
A maioria de suas composições é baseada em fatos cotidianos, com temática de amor, de decepção, de desabafo, de histórias que acredita serem vividas por muitos; e ainda menciona que é muito difícil produzir arte sem nenhum tipo de patrocínio, como é o caso de seu CD que foi gravado a partir de recursos próprios. Ele também atenta à necessidade de ter um empresário que possa o apresentar ao cenário musical, conseguir shows entre outros eventos artísticos, já que o único lugar onde se apresenta é sua barraca, enquanto trabalha e atende aos clientes: “aqui é meu palco, é minha casa de shows, aqui eu vendo, aqui eu canto para o público, e eu fico contente, pois o povo gosta da minha música”, declarou Ivan.
O músico também falou que mesmo com essas dificuldades, seu álbum tem tido boa repercussão, inclusive fora do Estado, como em Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Maranhão, Sergipe, Alagoas, Piauí, entre outros estados. A intenção do artista é a de tentar gravar o segundo álbum
até o final deste ano.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Barulho d'água (Cordel Big Brother Brasil)

Cordel BIG BROTHER BRASIL
Antonio Barreto, cordelista natural de Santa Bárbara-BA, residente em Salvador



Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.


Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução

No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…












Barulho d'água (Crônica Verissimo BBB 13)


Não tenho autorização do querido LFV para reproduzir esta crônica em meu blog, mas pela importância do alerta e das ponderações dele para nos salvar de tamanha aberração, creio que ele não se importará por eu reproduzi-la para vocês, caros leitores...


Crônica de Luiz Fernando Veríssimo sobre o "BBB"
Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimoschegar ao fundo do poço...A décima terceira (está indo longe!) ediçãodo BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a serdifícil, encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanhoatentado à nossa modesta inteligência.Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo,principalmente pela banalização do sexo. O BBB 10 é a pura e supremabanalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao ladodos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos na mesma casa, a casa dos“heróis”, como são chamados por P edro Bial. Não tenho nada contragays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadezaao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB 10 é arealidade em busca do IBOPE..Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB 10. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, masparece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.Se entendi corretamente as apresentações, são 15 os “animais” do “zoológico”: o judeu tarado, o gay afeminado, a dentista gostosa, onegro com suingue, a nerd tímida, a gostosa com bundão, a “não soupiranha mas não sou santa”, o modelo Mr. Maringá, a lésbica convicta,a DJ intelectual, o carioca marrento, o maquiador drag-queen e a PMque gosta de apanhar (essa é para acabar!!!).Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Murode Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível.Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamentebem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de semorrer tão cedo.Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morteda cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e dadignidade.Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão emeio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente,chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?São esses nossos exemplos de heróis? Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos osprofessores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadoresincansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções comdedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver aisso, todo santo dia.Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida maissaudável e digna.Heróis, são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado decarentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eternaheroína, Zilda Arns).Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, comomostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria RedeGlobo.O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aostelespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outroestímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, àcriatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho emoral.E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões depessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trintacentavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões esetecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos milreais a cada paredão.Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia,alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?(Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema...,estudar.... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... ,telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincarcom as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que aindaresta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade.*

Três ou mais linhas de prosa... e de poesia


O velho lago
mergulha a rã--
barulho d´água.

Este blog, cujo nome deriva do haicai de Matsuo Bashô, tem por objetivo a divulgação de crônicas e outros gêneros literários de minha autoria -- consulte também
http://www.poesiafeitaemcasa.blogspot.com e http://www.karumi.nafoto.net, outros trabalhos que assino. A cópia e reprodução dos elementos aqui contidos sem a devida autorização, por escrito, e sem estarem negociados direitos autorais e outras questões comerciais, sujeitarão o infrator a entendimentos com a lei.

Marcelino Lima



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