terça-feira, 8 de março de 2011

Barulho d'água (Mulheres)

Mulheres (Pablo Neruda)

Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.
Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversario ou um novo casamento.

Pablo Neruda

Homenagem às mulheres em 8 de março, Dia Internacional da Mulher


Barulho d'água (Fumaça e a lua)


Fumaça e a lua

À janela, pôs se estridentemente a miar para a lua. E olha que o satélite nosso de cada dia sequer estava na fase cheia, antes: minguava, talvez por isso o melancólico protesto do bichano. E pensar que até o gato subir naquele parapeito confabular com a lua fosse apenas digno de lobos e de cães! Ou de poetas, de seresteiros, de bêbados, de boêmios, de chapados e, lógico de crianças, estas sempre puras, achando que ela não abre nem sob tortura os segredinhos que ouve, e não os conta para ninguém... a não ser para todos os corpos celestes que povoam até a mais nebulosa das galáxias! Mas como eles não pronunciam palavra, e ninguém entende porque tanto eles brilham, tudo acaba diluído no Cosmos... Ah, sim, e como se esquecer dos velhotes? Eles também tricotam com a lua, sobretudo, os solitários. Uns até gostam de pedir a ela que cante alguma canção, se possível, na voz de Bing Crosby, e ela, gentil, atende entoando I still love to kiss you goodnight/The thrill of you holding me tight... 

Se alguém duvidar que tais colóquios ocorrem, faça lá uma visitinha à casa do Altamiro, ora, pois, pois. Como sugestão, ofereça antes uma garrafa de bom vinho do Porto, bolinhos de bacalhau e, se possível, leve notícias satisfatórias do Vitória de Setúbal. Alegremente, ele dividirá o destilado com a moça, como o fazia Li Po, ainda que  passe a desconfiar após o terceiro cálice que ela seja fã do outroVitória, o de Guimarães. Hum, também será bom providenciar para o Fumaça uma sardinha, ou filé de pescada, do contrário, só o cão vai querer prosear com a amiga de todas as noites.

Barulho d'água (Suor no rosto)

Suor do rosto

Ricardo Noblat é diretor de redação do Correio Braziliense. Ao proferir palestra na PUC de Belô, falou sobre os desafios do jornalismo. De passagem, fez reflexão sobre o ato de escrever. “Escrever”, disse, “é um suplício para quem gosta e leva a sério o ofício. Não acreditem em quem diz o contrário. Paris pode ser uma festa. Escrever não é uma festa. Não é sequer um ato prazeroso. Dá prazer ler um texto bem escrito. Faze-lo não dá prazer. Dá trabalho”.

Texto extraído da coluna Dicas de Português do suplemento Cultura de O Estado de Minas, de 8 de abril de 2.001. A coluna é assinada por Dad Squarisi

Três ou mais linhas de prosa... e de poesia


O velho lago
mergulha a rã--
barulho d´água.

Este blog, cujo nome deriva do haicai de Matsuo Bashô, tem por objetivo a divulgação de crônicas e outros gêneros literários de minha autoria -- consulte também
http://www.poesiafeitaemcasa.blogspot.com e http://www.karumi.nafoto.net, outros trabalhos que assino. A cópia e reprodução dos elementos aqui contidos sem a devida autorização, por escrito, e sem estarem negociados direitos autorais e outras questões comerciais, sujeitarão o infrator a entendimentos com a lei.

Marcelino Lima



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