sábado, 4 de abril de 2009

Barulho de água (É do ...)

É do Corinnnnnnnnnnnnnnnnnnthiannnnnnnnnnnnnnns!


Gosto de acompanhar os jogos do “Timão” sentado à varanda, sem o rádio. Quando sai gol adversário, aqui e acolá espocam dois ou três rojões pelo ar da barroca, tímidos, ouve-se umas maldições, há provocações, palavras impronunciáveis, de fazer corar. O gato, aos meus pés, nem abana o rabo, segue na dele. Ah, mano, mas você precisa ver o céu quando é o Corinthians quem balança as redes! À tarde, fica tudo esfumaçado, à noite, iluminado, lembra reveillón. É tanta barulheira, tanto urro que até assusta quem não sabe o que está se passando, quem está passando pode pensar em guerra. Olha, em meio à zueira do foguetório, acho que deve subir até pipoco, misturado a preces, a declarações de amor, sarro contra o vizinho provocador. E o bichano evapora, meu, só para o dia seguinte...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Barulho d'água (Formiga)

Formiga

Uma poça de chuva. A formiga, por um instante, pára: não sabe como atravessar o oceano. Logo, entretanto, ela já o contorna. E sem largar a folha que leva às costas.

terça-feira, 31 de março de 2009

Barulho d´água (Sinatra no lixo!)

Sinatra no lixo!



Encontrei um dia destes, encostada em um monte de sacos de lixo, uma pilha de discos em vinil. Entre os “bolachões”, como ficaram conhecidos os antigos long-plays, da sigla LP, a maioria era de “babas” cujos nomes não serão citados aqui para não ferir gostos pessoais, mas havia também Frank Sinatra, Stevie Wonder, Beatles, John Lennon, Roberto Carlos, e outras raridades; eclética, a coleção deixada na calçada tinha trilhas de novelas, gospel, sertanejos, conjuntos infantis, sambas, black music, rock, MPB. Um tal Pedro grafou o nome com um garrancho quase infantil em muitas capas e no miolo dos discos, portanto pressuponho que fosse ele o dono dos volumes desprezados. Talvez ele tenha feito de propósito, uma boa alma, pôs os vinis lá para quem passasse escolher o que quisesse levar, mas o gesto me espantou: como alguém tem coragem de jogar fora verdadeiras relíquias? Nesta era na qual quase tudo é descartável, sei que a cultura vale ainda muito menos do que antes para a massa tupiniquim, mas neste caso, além de pô-la no lixo, nosso amigo pode ter perdido boa grana, pois poderia vender os discos, sobretudo às raridades, para sebos ou colecionadores. Já vi entulhando lixeiras e sendo levados por catadores de papel e de bagulhos monitores e teclados de computadores, mouses, televisores e outras bugigangas; sofás velhos bloqueiam passeios e entopem córregos por ai, mas LP no lixo é novidade para mim. Sem cerimônia, recolhi dois do Sinatra e um do Stevie Wonder, intactos, sem nenhum risquinho. O do cantor negro é um álbum duplo, gravado em 1982 pela lendária Motown, com encarte e tudo. Sinatra esta sorrindo e exibe os belos olhos azuis em um dos exemplares, o Greatest Hits (1973) da Reprise Records, que tem “Strangers in the night”. No outro, da Capitol Records, com arranjos e direção de Billy May, há um texto na contracapa que começa assim “Você notará que é com um ponto de exclamação e não com uma interrogação que está escrito o título deste LP”, logo após a frase “Você já decolou em ‘Come Fly with me’, e já aterrissou em ‘Come Dance With me’, mas mantenha seu cinto de segurança porque agora é hora de ‘Come Swing With Me!”. Não vejo a hora de digitalizá-los para ouvir. A propósito: será que nosso amigo Pedro ou algum leitor não teriam uma vitrola (serve um gramofone) para jogar no lixo? Se tiverem, é só me avisar ou largar na calçada de minha casa...

Três ou mais linhas de prosa... e de poesia


O velho lago
mergulha a rã--
barulho d´água.

Este blog, cujo nome deriva do haicai de Matsuo Bashô, tem por objetivo a divulgação de crônicas e outros gêneros literários de minha autoria -- consulte também
http://www.poesiafeitaemcasa.blogspot.com e http://www.karumi.nafoto.net, outros trabalhos que assino. A cópia e reprodução dos elementos aqui contidos sem a devida autorização, por escrito, e sem estarem negociados direitos autorais e outras questões comerciais, sujeitarão o infrator a entendimentos com a lei.

Marcelino Lima



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