sábado, 6 de março de 2010

Barulho d'água (Beija-flor risonho)

Beija-flor risonho
O beija-flor, que há tempos não vinha, deu hoje o ar da graça, de novo, encheu de graça o ar. E justo quando não havia néctar na garrafinha dele, entornada pelos ventos que andam açoitando, ajudando a secar as roupas. As formigas serviram-se do doce que melou o piso -- no muro pelo qual a mistura escorreu deu até lesma. De volta o colibri, quem primeiro percebeu foram os gatos. Um deles saltou do sofá no qual puxava a palha, um piscar de olhos depois já estava na varanda. Miava desafinado, ainda sonolento, nem sequer a um filhote de camundongo assustaria. Tive a impressão de que o beija-flor, pousado no varal, ria...

Barulho d'água (Cochilo)

Cochilo
Vem por ai um bando de patos. Ainda ao longe, deles ouve-se os granares. Por aqui, o cão, adormecido, ergue a orelha direita. Espreguiça-se -- as pernas traseiras vão lá trás. E volta a se fazer de morto.

Três ou mais linhas de prosa... e de poesia


O velho lago
mergulha a rã--
barulho d´água.

Este blog, cujo nome deriva do haicai de Matsuo Bashô, tem por objetivo a divulgação de crônicas e outros gêneros literários de minha autoria -- consulte também
http://www.poesiafeitaemcasa.blogspot.com e http://www.karumi.nafoto.net, outros trabalhos que assino. A cópia e reprodução dos elementos aqui contidos sem a devida autorização, por escrito, e sem estarem negociados direitos autorais e outras questões comerciais, sujeitarão o infrator a entendimentos com a lei.

Marcelino Lima



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