Haicailinhas
(atualização em 15 de março)
Girassóis no quintal--/O nome da rua numa tábua/escrito à mão.
Meu doce lugar--/Até as nuvens se demoram/quando passam por lá.
Meu galo canta-/Tão alto e tão bonito-/que até o sol se levanta.
O gato se espreguiça ---/Da caixa de maçãs/sobem duas orelhas.
Ah, noite sem fim-/O gato não para de miar-/eu não paro de mijar...
Meu doce lugar--/Até as nuvens se demoram/quando passam por lá.
Meu galo canta-/Tão alto e tão bonito-/que até o sol se levanta.
O gato se espreguiça ---/Da caixa de maçãs/sobem duas orelhas.
Ah, noite sem fim-/O gato não para de miar-/eu não paro de mijar...
Pequena flor branca--/Verga com peso de abelha,/quando
venta, dança...
Cada vez mais perto,/o burburinho do rio--/enfim o caminho!
A bola rola... /Da família quero-quero,/apenas uma pena...
A bola rola... /Da família quero-quero,/apenas uma pena...
Torre de
alta tensão./Do lado de cá da cerca,/um jardim de cosmos.
Restos de
feira-livre --/Com a cabeça de um peixe,/um gato cruza a rua.
Toca nove vezes/o sino da capelinha --/o trem responde
três.
Na quarta volta/já são três sapos cantando/na segunda
curva.
Manhã de outono –/há três dias no varal,/o tênis pingando
água...
Casa branca,/batentes azuis./À porta, marimbondos!
Casinha na periferia,/cana em ponto de corte,/gatos no
quintal...
Andorinha, andorinha:/mesmo não sendo feriado/vou passear
à toa!
Em toda a casa/só a cama desarrumada--/gatinha nas
cobertas.
Ao colo do pintor,/o gato segue com os olhos/o vaivém do
pincel.
Tarde de verão --/entre o voo de dois pardais,/ecoa um
trovão.
Tarde chuvosa --/aos trovões misturam-se/sons de uma
serraria.
Tarde chuvosa --/na rodovia, lá longe,/acendem-se as
luminárias.
Caixote de peras/com alguns cortes e tintas/casinha de
tuim
Em papel rosado/prediz um novo amor/a ave do realejo
De varal em varal/o cambacica vai pulando/até chegar ao
néctar.
De cordão invisível,/e pingente de estrela,/o colar da
lua...
Sopa de estrelas--/cortado como a lua,/o pão que
acompanha.
Uma folha cai--/à luz do sol, amarela.../quando gira,
verde...
Vão aonde eu vou/não contam nada a ninguém--/ah, meus
sapatos...
Meu velho sapato--/ainda guarda segredos,/e não erra
caminhos.
Em sonho, voo/ e, nos fios elétricos,/brotam cerejeiras.
Bem-me-quer, mal-me-quer --/o vento desfaz a nuvem/em
forma de flor.
Prendedores coloridos,/roupas secando ao sol./Pousa um
beija-flor!
Morro de Lindóia --/parecem feitas de pedras/ as vacas brancas
que pastam.
Chegada à Jaguariúna--/boi que não está na linha,/segue o
trem.
Carro do queijo,/para provar, ninguém paga./E pode ser com
doce!
Oh, gato: como podes/divertir-se tanto assim/com um bago
de uvas?
Clarão ao longe/leve batuque na janela--/ai vem chuva
boa!
Grandes, amarelas.../As pinhas da minha infância/não têm
similares.
Rosa lá em cima./Lá embaixo, a molecada/esperando pinhas.
Quarenta caroços --/E ainda está intacta,/metade da pinha!
Buraco na parede,/ passa o ar, passa a luz.../... ai, ai
de mim, menina!
Chuva violenta,/entre galhos e fios caídos,/salvou-se a
violeta.
Noite de geada —/recados de namorados/no vidro do carro.
Sol de inverno--/Uma calçada repleta,/outra vazia.
Passeio de férias –/Caminho nas ruas da infância/agora de
sapatos.
Tudo fica quentinho/onde ela se deita --/gata do
Jorginho.
Ah, que viagem! --/ao descascar a laranja,/várias voltas
ao mundo...
Estrelas e luas –/a noite, bem quentinhas,/num prato de
sopa.
Kombi da pamonha –/tudo quieto, de repente,/no prédio em
obras.
Mangueira frondosa --/com seus uis e ais,/prima
maravilhosa!
Chuva passageira--/flores de jacarandá/no dorso do
cavalo.
Até meu destino/ainda tem muito chão/ -- Ah, pé de
goiaba!
Troca na cidade,/leva milho, traz café./Um carro de
boi.
Os donos nem saíram,/mas os gatos já subiram,/e dormem na
mesa!
Domingo de sol,/toda a família no gramado--/bando de
pássaros pretos.
Na fonte da praça,/um mergulho, um voo curto.../bem-te-vi
toma banho!
Chuva a caminho./Mesmo apertando os passos,/o vira-lata
atrás.