sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Barulho d´água (Anjo da guarda)

Anjo da guarda
O Olaria do Nino via Novo Osasco descia a Primitiva Vianco rasgando. Desatenta, a tia que estava na calçada pôs o primeiro pé no asfalto. Quando ia baixar o segundo, a mão firme do mascate vendedor de discos piratas puxou-a de volta pelo ombro. O vento provocado pelo deslocamento do busão quase derrubou ambos. Dona Judite, pálida, balbuciou um raquítico "obrigado, Deus lhe pague!" O homem sorriu e disse apenas "não há de quê!" De noite, em casa, ela ainda tremia ao se lembrar: por pouco não deixou de assoprar as velas do bolo que filhos e netos preparam para ela naquele dia em comemoração aos 65 anos de vida, ela que desde pequena achava que histórias de anjos da guarda seriam conversa para boi dormir.

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Três ou mais linhas de prosa... e de poesia


O velho lago
mergulha a rã--
barulho d´água.

Este blog, cujo nome deriva do haicai de Matsuo Bashô, tem por objetivo a divulgação de crônicas e outros gêneros literários de minha autoria -- consulte também
http://www.poesiafeitaemcasa.blogspot.com e http://www.karumi.nafoto.net, outros trabalhos que assino. A cópia e reprodução dos elementos aqui contidos sem a devida autorização, por escrito, e sem estarem negociados direitos autorais e outras questões comerciais, sujeitarão o infrator a entendimentos com a lei.

Marcelino Lima



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