quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Barulho d´água (Paraíso)

Paraíso

Já que morrer é inevitável,
ir para o céu uma possibilidade,
para que a eternidade seja menos enfadonha,
tomará que lá em cima tenha:
gente vendendo cândida pelas ruas
naquelas camionetas ou kombis estruchadas
rancho da pamonha e pastelaria de japonês,
parque de diversões, circo de um leão só,
teatro mambembe, terrenos baldios,
sem fios por perto, para soltar pipas,
melancia à vontade,
botecão para tomar umas brejas
campo de futebol para peladas.
Melhor ainda será se Deus
curtir música clássica, mas tolerar pagode,
for corintiano, e de vez em quando,
liberar as almas para ir ao Pacaembu ver o Timão,
se houver feriadão para uma pescadinha
(afinal, morto não é de ferro),
Se não for querer muito,
que também exista liberdade para amar à vontade,
mandar ao inferno quem nos encher o saco,
sem levar puxão de orelhas do Gabriel pelo impropério!

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Três ou mais linhas de prosa... e de poesia


O velho lago
mergulha a rã--
barulho d´água.

Este blog, cujo nome deriva do haicai de Matsuo Bashô, tem por objetivo a divulgação de crônicas e outros gêneros literários de minha autoria -- consulte também
http://www.poesiafeitaemcasa.blogspot.com e http://www.karumi.nafoto.net, outros trabalhos que assino. A cópia e reprodução dos elementos aqui contidos sem a devida autorização, por escrito, e sem estarem negociados direitos autorais e outras questões comerciais, sujeitarão o infrator a entendimentos com a lei.

Marcelino Lima



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