domingo, 30 de dezembro de 2007

Barulho d´água (O menino e a lua)

O menino e a lua (Binóculos)
O
menino ganhou um binóculo da mãe. Ainda na loja, ansioso, pedia que sem demora recebesse o par de lunetas, mas não o estreou na hora. Esperou até chegar em casa, onde entrou apressado, subindo a passos largos a escada que leva ao quarto. Debruçado à janela, buscou-a no céu: a lua estava cheia, do jeito que ele mais gosta. Então, ajustou as lentes para trazê-la mais perto, trouxe-a tão próxima dos olhos que roçou uma das mãos no vazio como se pudesse afagar a superfície da bola cinzamarelada. Passou muito tempo fitando-a, enluarado, dizendo à musa coisas bonitas de se ouvir, fez promessas de todos as noites contemplá-la, de construir, quando homem, uma escada bem grande, de virar estrela depois de morrer só para brilhar ao lado dela...

Um comentário:

Paulo Netho disse...

Olá Marcelius, afeto com afeto se paga. Saiba que eu desejo do fundo do coração que um dia, os editores ouçam o seu barulho de talento e o publiquem.

abração

do amigo

Paulo Netho

Três ou mais linhas de prosa... e de poesia


O velho lago
mergulha a rã--
barulho d´água.

Este blog, cujo nome deriva do haicai de Matsuo Bashô, tem por objetivo a divulgação de crônicas e outros gêneros literários de minha autoria -- consulte também
http://www.poesiafeitaemcasa.blogspot.com e http://www.karumi.nafoto.net, outros trabalhos que assino. A cópia e reprodução dos elementos aqui contidos sem a devida autorização, por escrito, e sem estarem negociados direitos autorais e outras questões comerciais, sujeitarão o infrator a entendimentos com a lei.

Marcelino Lima



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