quarta-feira, 13 de março de 2013

Barulho d'água (Cidadezinha)

 

Pintura de Sullivan Gaspar retrata cena de Rio Manso região de Itajubá, ao Sul de MG

 
(reedição de 14 de novembro de 2007)

Cidadezinha

A igreja do santo padroeiro no centro da pequena praça.
Um prédio antigo, sede do Paço Municipal.
Mais dois ou três edifícios públicos, misturados ao pequeno comércio.
escolinha lá no alto do morro, caminho para o cemitério.
Poucas casas de portas altas, coloridas e de janelões, com uma simpática vovó numa delas.
A mesma rua que entra, é a que sai.
Distrito policial não tem.
Clube, também não.
Bancos, para quê?
Um cavalo amarrado numa árvore ruminando o tempo.
Cães magrelos perambulando a esmo.
Frajola toscanejando lá no telhado.
Cianças brincando de qualquer coisa.
Um ônibus poeirento parado no ponto, partida às nove, volta às dezenove -- nunca pontuais, pois pressa ali ninguém demonstra.
Uma placa enferrujada indicando o rumo a tomar para a Capital.
Um cartaz no poste anunciando o baile no município vizinho, colado por cima do retrato risonho do, agora, governador do Estado.
Esta cidade não existe, mas pode apostar: é igual a tantos outros pacatos lugarejos perdidos por aí pelos quais todos um dia já passamos.
E deixamos para trás nostálgicos, pensando em adotá-los para o resto da vida...

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Três ou mais linhas de prosa... e de poesia


O velho lago
mergulha a rã--
barulho d´água.

Este blog, cujo nome deriva do haicai de Matsuo Bashô, tem por objetivo a divulgação de crônicas e outros gêneros literários de minha autoria -- consulte também
http://www.poesiafeitaemcasa.blogspot.com e http://www.karumi.nafoto.net, outros trabalhos que assino. A cópia e reprodução dos elementos aqui contidos sem a devida autorização, por escrito, e sem estarem negociados direitos autorais e outras questões comerciais, sujeitarão o infrator a entendimentos com a lei.

Marcelino Lima



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