Sem-ônibus
Frete para
o Norte de Minas, caminhão enguiçado à beira da estrada, em ponto remoto e ermo,
ainda bem distante do destino. O caminhoneiro resolve caminhar em busca de ajuda.
Um deserto só, por quilômetros não se vê nem sequer vacas pastando nos morros ao redor,
o sol queima a ponto de fritar borracha. Quase trinta minutos depois,
o motorista avista pequena igreja ao fim de íngreme subida de chão batido; antes, passara
por um ponto de ônibus. Adentra a capela, um homem varre preguiçosamente o salão. Cumprimenta-o,
explica “quero chegar à cidade mais próxima, preciso de socorro mecânico”. E
pergunta: “a que horas, por favor, passa por aqui um ônibus que me levaria até lá?”.
Apoiado no cabo da vassoura, o sujeito clone do Mazzaropi coifa
a barba, olha para o teto, e depois de alguns segundos, responde: “Isto não
sei, não, senhor. Melhor perguntar lá no posto de gasolina!”. “Ah, um posto de
gasolina, que bom! Pode ser que eu encontre ajuda nele, então! E onde fica este
lugar, é aqui por perto, como eu chego lá?”, quer saber o viajante, animado com
a notícia. Rebate o outro, do mesmo modo sereno de linhas acima: “Não, não, senhor.
O posto do Turco fica na cidade mesmo, onde mais ficaria por estas bandas? E
para chegar lá é só o senhor descer a rua e esperar o ônibus passar pelo ponto,
uai!”.
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