terça-feira, 27 de novembro de 2007

Barulho d´água (Camisa 11)

Camisa 11
Hábil com a bola nos pés, também driblava carros, romário do asfalto. Na véspera levara a galera ao delírio. Agora, é um corpo no contrafluxo, atrapalhando o tráfego da Ipiranga com a São João, cena nada poética. À luz vermelha, caco de vidro na mão, anunciou o assalto, mas ao invés da carteira, do motorista veio o pam! À queima-roupa! Os jornais até comentaram: era um rapaz tão moço! E ninguém ficou sabendo: ainda naquela manhã, pensara em parar, em dar um tempo. Partir para outra não estava nos planos. Antes de fechar os olhos, ouviu de novo a galera, agora não mais no campo de peladas, mas no estádio cheio, gritar, ovacionar o nome dele, despedindo-se com lenços e bandeirolas brancas do craque, malas prontas para o primeiro milionário contrato na Europa. Embarcou, sim, virou manchete. Mas deixou apenas (temporariamente vaga) a camisa 11 do Vila Joaniza FC.

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Três ou mais linhas de prosa... e de poesia


O velho lago
mergulha a rã--
barulho d´água.

Este blog, cujo nome deriva do haicai de Matsuo Bashô, tem por objetivo a divulgação de crônicas e outros gêneros literários de minha autoria -- consulte também
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Marcelino Lima



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