Poeminha zen
Ao tentar dar um salto
e voltar para o lago,
a perereca escorregou no lodo
e caiu de pernas pro alto.
Um pardal viu a cena
e riu feito um doido
--Coitadinho dela, zombou,
ficou com o bumbum doído!
Um garoto levado
que passava pelo lugar
após caçoar da bichinha
foi –se embora, realizado.
Até a garça que pescava,
abriu o bico na hora --
já estava engolindo um peixinho,
que, rápido, tratou de cair fora.
A perereca, altiva, não perdeu tempo,
nem deixou se abater o orgulho:
arisca, levantou-se,
e elegante, sumiu num mergulho.
Perto dali, na outra margem,
um homem que meditava
já havia para lá de um mês
poemizou o tchibun em papel de arroz
anotando a cena primaveril
em kanjis e em japonês
só que em vez de perereca
escreveu rã: tudo bem,
o haiku mesmo assim tornou-se famoso
é simples, mas bastante zen.
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