domingo, 18 de novembro de 2007

Barulho d´água (Desimportância)

Desimportância
Coisa mais sem graça esta mania de mensagem móvel.
O chofer para o carrinho defronte ao portão da casa,
liga os trens, e os alto-falantes gritam umas frases sem sentido,
a vizinhança enxerida corre para ouvir, sai às janelas, espiando.
Pura papagaiada, invenção de quem não se ocupa com a cabeça,
de quem não tem panelas para limpar, ausente de vassouras.
Dona Isabel não acha. Negra forte, outro dia chorou demais,
comovida feito criança que ganha boneca de corda,
realizada com o mimo feito pela filharada, netos e bisnetos.
Presente de setenta anos, com direito a Roberto Carlos ao fundo.
Foi o assunto da missa, até o padre falou na homilia.
Todo mundo olhando, aquele meio-risinho besta ns caras, ai, ai.
Eu teria morrido em vexame, enfiado-me debaixo dos bancos,
o Glorioso que depois me perdoasse tamanho agravo.
(...)
É, acho que estou precisando contrair desimportância.
Daquelas que contaminam até a medula, cura nem no estrangeiro.

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Três ou mais linhas de prosa... e de poesia


O velho lago
mergulha a rã--
barulho d´água.

Este blog, cujo nome deriva do haicai de Matsuo Bashô, tem por objetivo a divulgação de crônicas e outros gêneros literários de minha autoria -- consulte também
http://www.poesiafeitaemcasa.blogspot.com e http://www.karumi.nafoto.net, outros trabalhos que assino. A cópia e reprodução dos elementos aqui contidos sem a devida autorização, por escrito, e sem estarem negociados direitos autorais e outras questões comerciais, sujeitarão o infrator a entendimentos com a lei.

Marcelino Lima



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