quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Barulho d´água (Holandesa)

Holandesa
Sentada, pernas cruzadas no banco sob a cobertura do ponto de ônibus, a holandesa. Usando jeans cintura-baixa e camiseta acima do umbigo, quem passava por trás dela, caminhando ou correndo pela pista próxima à parada, podia ver um generoso naco das costas branquinhas e, escapando, uns três dedos da calcinha lilás cujo elástico marcava a pele enquanto arredondava o frondoso quadril. Suspirava, inquieta. Furtivamente, voltava o olhar azulado para os atletas que queimavam gordurinhas ou, simplesmente, exibiam-se na manhã de sábado. Doidinha. Esperando que passasse por ali um cavaleiro que sem apear a arrebatasse para a sela, galope desvairado rumo à beira de um lago onde o zaino pudesse matar a sede. Em meia hora, cansou-se da espera: sem levantar-se, esticou o braço, deu sinal ao coletivo 289 da Benfica e embarcou com destino ao Jardim Imperial.

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Três ou mais linhas de prosa... e de poesia


O velho lago
mergulha a rã--
barulho d´água.

Este blog, cujo nome deriva do haicai de Matsuo Bashô, tem por objetivo a divulgação de crônicas e outros gêneros literários de minha autoria -- consulte também
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Marcelino Lima



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