Troca-troca
Amaram-se febrilmente durante a madrugada. Caíram no sono, exaustos, depois da última. Acordaram com o sol queimando as caras. Ele já bem atrasado, justamente no dia em que teria reunião com novos fornecedores para fechar valioso contrato. Do jeito que deu, arrumou-se apressado, recolhendo pelo chão a mesma roupa que vestia antes da farra. Ignorando os apelos dela para que ficasse mais um pouco (“um simples telefonema resolve tudo, amor, dá tempo para a gente se curtir durante aquele banho!”), saiu a milhão. Preguiçosa, relembrando tudo o que vivera, a diva custou a levantar-se do ninho. Por fim, já de pé, procurava pela calcinha jogada no tapete, estranhamente desaparecida. Sorria ao imaginar que a sedosa lingerie teria sido surrupiada pelo doideira como um troféu. Perto do criado mudo, encontrou... uma cueca. Teve um ataque de gargalhadas ao sacar o lance. No escritório, com a caneta em punho rubricando os papéis, tocou o celular. Era a diva contando o ocorrido, rachando de rir. Assinatura deixada pelo meio, ninguém entendeu por que, vermelho, ele pediu um temp, disparou para o banheiro. Putaquepariu! todos na sala ouviram. Acabara de descobrir a razão do desconforto que estava sentindo por debaixo da calça desde que saíra de casa.
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