Velho no farol
vendendo buquês de rosa –
O sorriso é brinde.
vendendo buquês de rosa –
O sorriso é brinde.
Delicadeza
Obrigada a parar, e, ainda por cima, primeira da fila, suspirou fundo, tamborilou os dedos ao volante, depois os apertou com as mãos fechadas e levemente suadas enquanto checava aos lados. Foi quando viu se aproximar do carro um jovem, roupas surradas, sujo, descalço. E vinha em direção à janela dela, cambeteando, parecendo bêbado, ou, sabe-se lá, drogado. Já se aproximando, o jovem notou: à direção havia uma moça, que, por sinal, parecia bem interessante. Ela percebeu a surpresa dele ao vê-la, pois ele chegou a inclusive demonstrar certo contentamento e esboçar um sorriso maroto. Então, pensou: ai, é hoje, o que vou fazer, meu Pai, ajude-me! O temor aumentou quando o sujeito encostou no vidro, levou a mão por trás da própria cintura, tirando de lá algo que trazia consigo. Encolhida, olhos cerrados, escorregou em direção aos pedais, não dava a mínima às batidas no vidro, apenas balbuciava rezas. A agonia era tanta que também não a despertava do pesadelo as buzinas insistindo para que seguisse logo em frente, já que o farol abrira. Não sabe quanto tempo depois teve coragem de descerrar os olhos e, instintivamente voltá-los para o rapaz. Neste instante, levou um baque, quase morreu... de vergonha! Todo delicado, indiferente aos xingamentos dos demais motoristas que já contornavam o carro dela empacado à frente, o camarada oferecia a ela uma rosa. E tinha no rosto uma expressão de quem avisa que só iria embora quando a gentileza fosse aceita e a flor pega...
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