Goretti
Goretti, ainda entrando na puberdade, já é um Deus nos acuda. Tipo que se atropelasse um marmanjo ele nem reclamaria se não anotassem as placas. As amigas mais saidinhas e segundas torpedeiam: mas o que você está esperando, ainda, pra ir pras baladas? Ela, mirando o chão, evasiva, tipo sei não, acho que inda não é hora. Tá ligada: por onde anda olhos cafajestes palmeando-a, eretos, junta-se uma legião de babões, uns grudes. No chuveiro, durante a muda de roupas, percebe não ser para menos tal pegação. Nota curvas, saliências, reentrâncias, volumes, formas capazes de ser fogo no estopim, provocar perdições – e, ainda, as pintas, as pintas es-tra-te-gi-ca-men-te postas pela Natureza, como a do canto esquerdo do lábio superior, ah, Senhor da Glória, até o autor confessa! Também já sente lá dentro bolirem umas químicas, a mesma força que a faz (acredita ser inconscientemente) puxar para cima o jeans até vincar a cona, deixar aberto o botão sobre o umbigo (vai driblar o medo da dor loguin e meter ali um piercing), ajustar as alças do sutiã, jogar os cabelos para trás quando caminha pelas ruas, durante o intervalo da escola. Intui um vulcão: algo está para irromper. Mas que venha no tempo certo. Quando acontecer, ai, bem: quem pode amarrar trovão? Cavalo desembestado pára sozinho. E só onde quer.
Goretti, ainda entrando na puberdade, já é um Deus nos acuda. Tipo que se atropelasse um marmanjo ele nem reclamaria se não anotassem as placas. As amigas mais saidinhas e segundas torpedeiam: mas o que você está esperando, ainda, pra ir pras baladas? Ela, mirando o chão, evasiva, tipo sei não, acho que inda não é hora. Tá ligada: por onde anda olhos cafajestes palmeando-a, eretos, junta-se uma legião de babões, uns grudes. No chuveiro, durante a muda de roupas, percebe não ser para menos tal pegação. Nota curvas, saliências, reentrâncias, volumes, formas capazes de ser fogo no estopim, provocar perdições – e, ainda, as pintas, as pintas es-tra-te-gi-ca-men-te postas pela Natureza, como a do canto esquerdo do lábio superior, ah, Senhor da Glória, até o autor confessa! Também já sente lá dentro bolirem umas químicas, a mesma força que a faz (acredita ser inconscientemente) puxar para cima o jeans até vincar a cona, deixar aberto o botão sobre o umbigo (vai driblar o medo da dor loguin e meter ali um piercing), ajustar as alças do sutiã, jogar os cabelos para trás quando caminha pelas ruas, durante o intervalo da escola. Intui um vulcão: algo está para irromper. Mas que venha no tempo certo. Quando acontecer, ai, bem: quem pode amarrar trovão? Cavalo desembestado pára sozinho. E só onde quer.
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