Azar
Telmires Plácido não dava pelota pra milonga de que passar sob escadas traz zica, dá azar. Até o dia em que, como sempre zen, ao caminhar, cruzou por debaixo duma e, quase já um passo à frente, viu despencar lá do mais elevado degrau o abençoado que trocava uma das lâmpadas de néon da fachada do Bingo 56...
Poesia cotidiana em forma de bilhete
Mamãe: fui levar a Princesa para tosar o pelo dela. Os dois gatinhos preto e branco que estavam doentes, infelizmente, também morreram, mas a Paninho já está de alta. Ela voltou a comer e bebeu bastante água. Retorno lá pelas 11h30, depois de uma caminhada pelo Tamboré. Fala para o Jorginho esperar por mim caso ele queira jogar Outlaws.
Telmires Plácido não dava pelota pra milonga de que passar sob escadas traz zica, dá azar. Até o dia em que, como sempre zen, ao caminhar, cruzou por debaixo duma e, quase já um passo à frente, viu despencar lá do mais elevado degrau o abençoado que trocava uma das lâmpadas de néon da fachada do Bingo 56...
Poesia cotidiana em forma de bilhete
Mamãe: fui levar a Princesa para tosar o pelo dela. Os dois gatinhos preto e branco que estavam doentes, infelizmente, também morreram, mas a Paninho já está de alta. Ela voltou a comer e bebeu bastante água. Retorno lá pelas 11h30, depois de uma caminhada pelo Tamboré. Fala para o Jorginho esperar por mim caso ele queira jogar Outlaws.
Vou levar o celular. Ligue se precisar! Um beijo, amo todos vocês!
Poema de amor no gesso
Repetidas vezes trocaram olhares dentro da clínica. Minutos depois, quando saía do estacionamento, a diva estava parada na calçada à espera de ônibus, táxi, um boa alma que a levasse. Pelo jeito angustiado, temia o toró que se armava, a botinha de gesso no pé esquerdo, até a altura da canela, ainda fresca. Pensou em oferecer a carona, titubeou, o semáforo abriu, engatou primeira, foi-se embora, olhando-a ainda por uns instantes pelo retrovisor. Não demorou muito, os primeiros pingos caíram, os céus desabaram: tarde demais para uma manobra de retorno. A chuva já amainara quando em casa suspirou fundo antes de engolir um gole de café frio: lamentava a chance que teve e chutou na arquibancada para, quem sabe, gravar naquela tala, ao lado do próprio telefone, o nome dele assinando um poema de amor...
Pezinho (Ou historinha contada a um repórter de jornal)
Quando P. deitou-se com S., naquele escuro canto da praça, queria apenas olhar nos olhos dela e neles se inspirar para quem sabe? rabiscar uns versinhos bem dez. Meio sem jeito, mas deslumbrado, mesclando no mesmo rosto traços do menino que ainda é com a vivacidade de quem vive na rua, e o faz parecer bem mais velho, Pezinho, ele explica, não estava
Poema de amor no gesso
Repetidas vezes trocaram olhares dentro da clínica. Minutos depois, quando saía do estacionamento, a diva estava parada na calçada à espera de ônibus, táxi, um boa alma que a levasse. Pelo jeito angustiado, temia o toró que se armava, a botinha de gesso no pé esquerdo, até a altura da canela, ainda fresca. Pensou em oferecer a carona, titubeou, o semáforo abriu, engatou primeira, foi-se embora, olhando-a ainda por uns instantes pelo retrovisor. Não demorou muito, os primeiros pingos caíram, os céus desabaram: tarde demais para uma manobra de retorno. A chuva já amainara quando em casa suspirou fundo antes de engolir um gole de café frio: lamentava a chance que teve e chutou na arquibancada para, quem sabe, gravar naquela tala, ao lado do próprio telefone, o nome dele assinando um poema de amor...
Pezinho (Ou historinha contada a um repórter de jornal)
Quando P. deitou-se com S., naquele escuro canto da praça, queria apenas olhar nos olhos dela e neles se inspirar para quem sabe? rabiscar uns versinhos bem dez. Meio sem jeito, mas deslumbrado, mesclando no mesmo rosto traços do menino que ainda é com a vivacidade de quem vive na rua, e o faz parecer bem mais velho, Pezinho, ele explica, não estava
previsto nas rimas...
Opala branco
Desgovernado, sem breque, o caminhão desembestou ladeira abaixo. Pela velocidade com a qual desceu, milagre ninguém ter sofrido sequer um arranhão, nem mesmo o motorista, mão na buzina até a porrada que, enfim, fez travar as rodas do bruto. Mas foi o fim do Opala 70 branco, relíquia de “seo” Olavo, tudo original e impecável, limpinho, lataria e partes cromadas sempre irrepreensivelmente polidas, vidros sem nenhuma impressão digital, adesivo de Nossa Senhora grudado no pára-brisa dianteiro, “Brasil, ame ou deixe-o” no traseiro...
Opala branco
Desgovernado, sem breque, o caminhão desembestou ladeira abaixo. Pela velocidade com a qual desceu, milagre ninguém ter sofrido sequer um arranhão, nem mesmo o motorista, mão na buzina até a porrada que, enfim, fez travar as rodas do bruto. Mas foi o fim do Opala 70 branco, relíquia de “seo” Olavo, tudo original e impecável, limpinho, lataria e partes cromadas sempre irrepreensivelmente polidas, vidros sem nenhuma impressão digital, adesivo de Nossa Senhora grudado no pára-brisa dianteiro, “Brasil, ame ou deixe-o” no traseiro...
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